Personalismo é o culto que incorre em sérios riscos de condenar a história e seus momentos (zeitgeist), definição do filósofo alemão, Hegel. Rotula-se nomes de pessoas como responsáveis por períodos de grande avanço ou de descobertas históricas (epônimo), como se tais pessoas fossem determinantes.
Porém, o uso excessivo de epônimos pode levar ao descuido de não analisar a história como se deve. Segundo conceito psicológico a presença de epônimos – o personalismo – ocorre por limitação da cognição, o processo de conhecimento, percepção e juízo.
Ao magnificar a pessoa, o epônimo elege personagens e as coloca acima de todos, produzindo também a linha divisória, enquanto coloca as demais em plano inferior, por meio de um tipo de elevação heróica. Esse endeusamento tem que ver com o próprio termo herói, de heros (Herodes) a indicar semi-deus.
Em vez de considerar o momento histórico, o clima propício, eleva-se o homem, sem levar em conta que, se um não fizer, outra fará. Neste último caso, não se enaltece a pessoa, mas o momento.
O excesso de epônimos não considera os fatores contextuais que deram origem a suas ideias e subestima as complexidades dos fatos históricos.
Se a biografia é importante para a história, esta é seguramente muito mais importante que a biografia. Isto porque a história atrelada a uma pessoa fixa-se no momento e não na construção constante até se chegar ao clima que se instala a ponto de favorecer tal biografia. Esta não existiria sem aquela.
Na história personalística vê-se nas ações da pessoa importância preponderante na construção da história, enquanto esta enfatiza o clima oportuno, do ponto de vista do conhecimento e tendências da época em questão.
Grande Homem
Antes denominada de teoria do Grande Homem em que seus atos produzem representação de evidência heroica, também produz ações maléficas. Indica ainda que sem tais indivíduos a história seria diferente e os períodos históricos são associados a tais elementos.
O apelo intuitivo e não racional é uma indicação dessa identidade. Uma das evidências dessa fotografia é a necessidade de o homem recorrer a um personagem heroico. O espírito humano busca adorar a alguma coisa, caso não encontre Deus, pois tem necessidade de adoração, dentro da máxima bíblica: “Para a alma faminta todo amargo é doce”.
Tal condicionamento se realiza na forma epônima e se esquiva do valor histórico, construído pelo tempo e espaço – por outros também – até o momento.
Segundo o romancista russo Leon Tolstói “a história é movida por forças que estão além do controle das pessoas” – Tolstói, L. (1942). War and Peace (Trad. L. Maude e A. Maude). Nova Iorque: Simon and Schuster.
Tolstói afirma também que `assim como os grandes homens, como Napoleão, eram na verdade meros agentes de causas históricas maiores que eles mesmos`.
Há ainda a busca pela desconstrução de evidências históricas em detrimento a elementos que ameaçam ofuscar a biografia do elemento epônimo (personalismo).
Visão bíblica
Um grande exemplo bíblico é João Batista que fugiu do personalismo com a prodigiosa declaração: “Convém que Ele cresça e eu diminua!”
Essa tendência ao culto ao personalismo ameaça as estruturas doutrinais da Igreja, com homens sendo elevados a deuses. A influência do hedonismo é fato, mas à luz da Palavra “O servo não é maior do que o seu Senhor” (Jo 15).